Tuesday, February 06, 2007

Swimming Room


Mergulho no corredor nº 8, é o único que se encontra iluminado pela intensa luz do sol que penetra pela imensa janela lateral, àquela hora. A água está quente. Submersa, nado vagarosamente e liberto-me progressivamente do ar encarcerado nos meus pulmões, o que me permite descer até ao fundo sem dificuldade. Já junto do pavimento, as minhas mãos deslizam sobre os pequenos azulejos azuis, sinto o relevo por eles criado com a ponta dos dedos... adoro fazer isto! Apetece-me ficar aqui um pouco, como uma estrela do mar. Liberto mais um pouco de ar num sopro e viro-me, as minhas costas repousam no pavimento. Vejo a superfície. Mais à frente, à beira da piscina, uma silhueta masculina aproxima-se junto do trampolim do meu corredor e prepara-se para mergulhar. És tu! Hoje não trazes nem óculos nem touca, também não trago óculos, habituei-me desde dos tempos da natação sincronizada.
Mergulhas. Também preferes os fundos e nadas em minha direcção. Bolhas de ar escapam-se das tuas narinas com a firme convicção de quererem chegar à superfície. Lentamente aproximas-te. Estás ligeiramente acima de mim, alguns centímetros de água nos separam. A tua mão direita procura ancorar-se no dorso do meu pescoço. Sinto os teus lábios correrem, ao de leve, pelo meu pescoço até aos meus lábios passando pelo queixo. Sinto a ponta dos teus dedos deslizarem suavemente, subindo pela perna direita até à pélvis e terminando em círculo sobre a minha barriga. Um arrepio percorre o meu corpo como uma onda. Sinto agora a palma da tua mão esgueirar-se do centro da barriga para o lado, procurando abraçar-me a cintura.
Num beijo de vida empurras o ar que resta dos teus pulmões para os meus. O meu corpo adquire alguma flutuação e descola dos azulejos com destino à superfície mas, ao mesmo tempo, o teu corpo desce travando assim a pretensão do meu. Sinto assim, o teu peito encostar-se ao meu, a tua face à minha, as tuas pernas às minhas e o teu braço nas minhas costas em volta da cintura. Parece-me que a água que nos rodeia está muito mais quente, como que querendo já ferver.

Rapidamente uma sensação sufocante invade-me. Liberto-me do teu abraço e impulsiono-me até emergir á superfície, nesse preciso instante, acordo de barriga virada para cima, respirando enérgica e profundamente. Sinto-me febril e os lençois ensopados em suor.

São 4 horas da manhã... Hum bonito! 39,5 de febre!